Álvaro de Campos

Álvaro de Campos nasceu em 15 de outubro de 1889. Engenheiro, inquieto e sensacionalista, representou a parte mais audaciosa a que Pessoa se permitiu, através das experiências mais barulhentas do futurismo português, inclusive com algumas investidas no campo da ação político-social.

Para Pessoa, Álvaro de Campos é descrito biograficamente: ‘‘Nasceu em Tavira, teve uma educação vulgar de Liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Agora está aqui em Lisboa em inatividade. ’’

Álvaro de Campos apresenta três fases em sua poesia, no início é influenciado pelo decadentismo simbolista, depois pelo futurismo e por fim, escreve poemas pessimistas e desiludidos.

Fase decadentista:

É a fase do desencanto perante a vida. É encontrada no poema, Opiário. É nessa fase que Campos se encontra desiludido consigo mesmo e com o mundo e se torna um viciado em ópio.

Fase futurista:

É a fase da apologia da civilização moderna. O futurismo surgiu em 1909, foi um movimento artístico que estreou com a publicação do Manifesto Futurista de Marinetti. Nesse movimento são exaltados a violência e o excesso. Álvaro aderiu o movimento aos conhecer Caeiro.

Fase intimista:

A fase do regresso ao desencanto perante a vida é a posterior ao futurismo. É nessa fase para Campos as emoções e o excesso não lhe trazem felicidades, por se assemelha ao próprio Pessoa em vários aspectos: nostalgia da infância perdida, desencanto, tédio e náusea.

Estilo de escrita:

O estilo de Campos apresenta as seguintes características: os versos são longos e livres, o freqüente uso de interjeições e exclamações e de diversos recursos estilísticos, como as apóstrofes, enumerações e anáforas...

Álvaro de Campos é a personalidade pessoana que mais se aproximou de uma poesia realista, e, também, quem mais foi marcado pelos caracteres da modernidade.

Poema:

Às Vezes Tenho Idéias Felizes

Às vezes tenho idéias felizes, 
Idéias subitamente felizes em idéias 
E nas palavras em que naturalmente se despegam... 
Depois de escrever, leio... 
Por que escrevi isto? 
Onde fui buscar isto? 
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu... 
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta 
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?... 

Álvaro de Campos

By Camilla e Iracema     3ºC